Como parte das atividades da disciplina de Meio Ambiente e Interdisciplinaridade do programa de Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, fomos convidados a assistir o filme Radioactive, sob a ótica dos temas trabalhados na disciplina.
A fim de manter mais uma vez um registro analítico, desta vez sobre como o filme aborda a questão da colaboração na pesquisa e da ética científica, e compartilhá-lo com quem interessar, deixo a seguir uma breve análise sobre as partes que me chamaram a atenção…
O filme conta a os avanços científicos alcançados pela cientista Marie Curie que, juntamente com seu marido Pierre Curie, dedicou-se à descoberta dos elementos rádio e polônio, à radioatividade e aos seus possíveis usos.
Maria Sklodowska foi uma física e química polonesa que se mudou para a França com a sua família, onde adotou o nome Marie. Apesar de seu reconhecido conhecimento na ciência, apresenta dificuldades em conseguir recursos para o desenvolvimento de suas pesquisas devido ao seu comportamento descrito no filme como egocêntrico bem como por ser uma mulher. Esse e outros acontecimentos a levam a cruzar seu caminho com Pierre Curie, físico francês pioneiro na cristalografia. A partir daí, formaram parceria e trabalharam juntos, descobrindo os elementos rádio e polônio bem como investigaram os possíveis usos da radioatividade desses materiais. Durante esse percurso, casaram-se (ela passou a adotar o nome Marie Curie) e tiveram duas filhas, Irène e Ève.
Algo que se destaca bastante no filme é a importância (diria até que necessidade) da colaboração no “fazer pesquisa”: no início, a protagonista busca “fazer pesquisa sozinha”, como uma resposta à falta de apoio da instituição e devido à sua personalidade, rejeitando assim a ajuda de Pierre. Entretanto, a necessidade de colaboração (laboratório, equipamentos e ideias) leva a uma parceria que passa a ser vista mais tarde como essencial para as conquistas alcançadas.
E como um dos pontos centrais do filme são os estudos sobre radioatividade, podemos nos perguntar quais os impactos positivos e negativos advindos da experimentação, descoberta e uso dos elementos estudados. Fica mais uma vez evidente a questão da complexidade no fazer ciência, uma vez que Pierre e Marie, no início do filme, não tinham ideia das consequências de suas descobertas.
Se por um lado a radioatividade trouxe avanços no campo da geração da energia elétrica e da saúde (por meio de radiografias e uma alternativa para o tratamento de câncer), por outro vimos retrocessos para a humanidade devido aos danos à saúde por meio da exposição a elementos radioativos bem como invenção e uso da bomba atômica. Aqui, vemos um claro desafio à ética científica, que pode ser comparado/complementado com as palavras de uma cientista em outro filme, O Ponto de Mutação.
O filme também trata de problemas da vida pessoal da protagonista, os quais não são o foco desta análise, então opto por encerrar este texto com a pergunta: houve avanço na ética científica nos últimos cem anos e foi suficiente para garantir o nosso bem-estar?